A Rota 66, rodovia histórica com quase 4
mil quilômetros, já foi retratada em diversos livros e filmes, além de
ser tema de músicas conhecidas. Uma das obras que mais chamaram atenção,
no entanto, foi On the road, considerada a bíblia do movimento
beat, escrita pelo norte-americano Jack Kerouac. Nesta sexta-feira,
estreia, no Brasil, o filme homônimo, dirigido por Walter Salles, que
exibe como cenário as paisagens do Velho Oeste, com seus cafés de beira
de estrada, Cadillacs circulando na pista e pessoas pedindo carona em
busca de aventura e liberdade.
Hoje, a Rota 66 foi desativada. Mesmo
assim, vários trechos estão conservados e alguns foram revitalizados. O
trajeto conta com uma boa rede de lanchonetes, hotéis (ou motels, como
são conhecidos nos EUA), museus, parques, postos de gasolina abandonados
e cidades-fantasmas, atraindo turistas de todo o mundo. As agências de
viagem estão de olho nesse público aventureiro e têm pacotes para cruzar
a rodovia, que incluem aluguel de motos (ou carros) e equipe de apoio.
Veja um roteiro que reúne as conhecidas atrações do fim da década de
1940 — época em que se passa a história do livro/filme — e também as
erguidas recentemente. É hora de arrumar a mochila e cair na estrada.
Enquanto a maioria dos viajantes percorre
as estradas com pressa, querendo chegar logo ao destino, outros
preferem aproveitar o caminho. É o caso dos personagens Sal Paradise
(Sam Riley), Dean Moriarty (Garrett Hedlund) e Marylou (Kristen Stewart)
do filme Na Estrada, dirigido pelo brasileiro Walter Salles. A
história, baseada no livro On the Road, de Jack Kerouac, se passa no fim
dos anos de 1940, uma época em que muitos jovens estavam desbravando o
Oeste dos Estados Unidos pela mítica Rota 66.
Hoje, a Rota 66 já não é mais a mesma. Em 1985, deixou de fazer parte do US Highway System, o sistema de autoestradas do governo norte-americano. Alguns trechos foram substituídos por rodovias mais modernas e outros foram abandonados. Mas ainda existem muitos locais preservados, graças às associações históricas de cada estado, e que continuam atraindo viajantes do mundo inteiro. Inclusive, há a Rota Histórica 66, com diversas atrações.
Há diferentes opções para se percorrer a Rota 66. Algumas empresas alugam motos e carros para viagem, que podem ser retirados e devolvidos em cidades diferentes. Entre as motos, a queridinha é a clássica Harley-Davidson.
O segundo maior rio dos Estados Unidos, o
Mississippi, é uma das atrações para os viajantes da Rota 66. É lá que
se encontra a ponte de aço Chain of rocks, construída em 1929, que
ligava os estados de Illinois e Missouri. Nos anos de 1930, abrigou um
importante trecho da 66. Entretanto, o número de automóveis cresceu
muito e a ponte ficou estreita. Hoje, a Chain of rocks é usada por
pedestres e ciclistas, mas continua sendo um belo cartão-postal e vale a
parada.
Uma atração à parte nas proximidades da Rota 66 é a visita a alguns dos principais parques nacionais dos Estados Unidos. Um deles é o Zion National Park, no qual os turistas podem apreciar a paisagem de dentro dos cânions. Outro atrativo é o Lake Powell, uma reserva natural que fica entre os estados de Arizona e Utah.
O mais conhecido entre todos é o Grand Canyon, considerado por muitos viajantes experientes como um dos lugares que toda pessoa deve conhecer antes de morrer. Fica a cerca de uma hora da Rota 66, entrando pela cidade de Williams, Arizona, sendo que o trajeto também pode ser feito de trem pela Grand Canyon Railway. Trata-se de um imenso vale (que se estende por 446km), moldado pelo vento, pelas chuvas e pela erosão ao longo do tempo.
O passeio básico consiste em percorrer as trilhas que margeiam a borda do despenhadeiro, enquanto o roteiro mais rústico é a descida até o fundo do cânion em mulas. Existe, ainda, uma passarela de vidro e aço no alto da encosta, inaugurada em 2007, a Grand Canyon Skywalk. Diversas outras montanhas podem ser observadas pelo caminho da Rota 66. Além de imensidões de desertos, como os de Mojave (Califórnia) e do Arizona.
Mesmo muito diferente do que era na
década de 1940, a Rota 66 sobrevive também graças aos aventureiros.
Desde os trechos abandonados até as tradicionais placas, aos
estabelecimentos comerciais, as antigas e as novas construções e as
paisagens impressionantes, tudo parece perfeito para viver grandes
emoções. A rodovia traz um fascínio inexplicável e é ponto certo para
querem realizar um sonho. Confira as histórias e dicas de quem já passou
por lá.
“Em abril de 2011, eu e minha noiva
realizamos o sonho de percorrer a legendária Rota 66. O percurso
escolhido começa em Seligman, Arizona, e termina na famosa cidade
Oatman, também no Arizona. Foram 150km deslumbrando paisagens
magnificas, retas sem fim, postos de combustíveis desativados, veículos
antigos, cidades-fantasmas… Fizemos o percurso de carro e, com a ajuda
de mapas, conseguimos encontrar o acesso à Historic Route 66, que tem
esse nome porque representa a estrada original, prevalecendo o antigo
asfalto, as paisagens, entre outras relíquias. Pernoitamos em Kingman,
uma belíssima cidade com uma infraestrutura adequada para viajantes da
Rota. Lá, há um maravilhoso clima fresco ao anoitecer proporcionado
pelas montanhas. De Kingman até Oatman são apenas 35km, percorrendo
montanhas e desfiladeiros. É aconselhável que esse percurso seja feito
descansado. O nível de atenção aumenta com a chegada de incríveis curvas
limitando a velocidade a no máximo 20km/h. A paisagem é uma recompensa.
Ao chegar em Oatman, a sensação é de participar daqueles filmes antigos
de faroeste com pequenos teatros improvisados pelos moradores da
cidade.”
Sérgio Ricardo Mendes, 33 anos, gerente financeiro
Sérgio Ricardo Mendes, 33 anos, gerente financeiro
Juliano Almeida, 30 anos, administrador
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